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sexta-feira, 12 de junho de 2015

12 romances inesquecíveis do cinema

Antes do Amanhecer (1995)



Sinopse: Jesse (Ethan Hawke) conhece Celine (Julie Delpy) em um trem pela Europa e se identifica bastante com o seu jeito. Ele acaba a convencendo a descer na mesma estação que ele, para ficarem juntos uma noite inteira, já que ele pegará o avião de volta para os EUA pela manhã. Só que nesta noite uma paixão avassaladora irá surgir entre os dois, tornando o inevitável e próximo adeus cada vez mais difícil.

Comentário: Na minha opinião o melhor romance da década de 1990, uma história que deixa transparecer uma simplicidade que só os grandes filmes conseguem ter,  o roteiro e os diálogos são soberbos, a trilha sonora e a fotografia são perfeitos e química entre Ethan Hawke e Julie Delpy é inquestionável, impossível não rir, se emocionar e pensar com esse filme.


As Pontes de Madison (1995)


Sinopse: Após a morte de sua mãe, dois irmãos se reencontram e, através de cartas, descobrem um caso que sua mãe teve há vários anos com um fotógrafo da National Geographic, quando ambos haviam viajado com o pai. Ao invés de condenarem a mãe, eles tentam entender sua atitude, refletindo sobre os seus próprios casamentos. Indicado ao Oscar de Melhor Atriz, para Meryl Streep.

Comentário: O filme foge dos clichês dos filmes românticos de Hollywood (embora não de todos) e aposta na sutileza e sensibilidade pra emocionar o telespectador com uma história de amor que só é impossível devido a ignorância e preconceito existente na cidade em que a história se passa e ''aquela cena'' hein?

Cenas de um casamento (1973)


Sinopse: O casamento de Marianne e Johan parece perfeito. Quando, por causa de outra mulher, Johan abandona Marianne, eles começam a viver um inferno conjugal, revelando os seus verdadeiros sentimentos.

Comentário: Em Cenas de um Casamento Bergman mostra seu ceticismo em relação a instituição do casamento. A principio o casal protagonista parece perfeito mas logo surgem rachaduras e por fim ambos partem para agressão, não física mas verbal, que Bergman sabia muito bem que era a pior de todas as agressões.
Pra quem assistiu a versão com quase 3 horas recomendo que assistam a minissérie completa que saiu em DVD (duplo) com 5 horas de duração, pra quem se interessa minimamente pela complexidade das relações humanas vale muito a pena.


 Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004)


Sinopse: Jim Carrey interpreta Joel, um homem magoado por sua namorada tê-lo deletado (literalmente) de sua memória. Inconformado, resolve retribuir na mesma moeda e procura o Doutor Howard Mierzwiak para passar pela mesma experiência. No decorrer da operação, Joel percebe que, na verdade, ele não quer excluir Clementine de sua vida, e sim manter bem viva em sua memória os momentos em que estiveram felizes. A partir de então, ele enfrenta uma incrível luta dentro de sua própria cabeça para que essas memórias continuem vivas dentro de si, em mais uma loucura sensível de Charlie Kaufman


Comentário: Acho que a sinopse já disse o essencial sobre esse filme.


Romeu e Julieta (1968)


Sinopse: Baseado na peça de William Shakespeare, o jovem Romeu (Leonard Whiting) tem seu amor correspondido pela bela Julieta (Olivia Hussey), que pertence a família rival da cidade. Mas o amor dos jovens terão um trágico destino a caminho...

Comentário: A história todo mundo já conhece o que alguns não conhecem é a capacidade do diretor Franco Zeffirelli de transformar suas obras num verdadeiro banquete para os sentidos. O figurino, a fotografia, o cenário e a trilha sonora são sublimes, ajudando (e muito) a transformar essa versão na melhor adaptação. cinematográfica da peça de Shakespeare.


Secretária (2002)


Sinopse: Jovem, após sair de hospício, consegue emprego de secretária em escritório de advocacia. Seu chefe, no entanto, tem hábitos estranhos que exercem atração na moça. Com isso, um jogo perverso está para acontecer.


Comentário: Se interessou pela premissa de Cinquenta tons de cinza mas achou o filme fraco? Se for o caso recomendo bastante esse filme, como é dito em certa parte do filme ''quem disse que o amor tem que ser sempre suave e macio?''.

A Bela e a Fera (1991)



Bela é uma garota entediada com sua vida provinciana, tentando sempre se esquivar dos avanços do galã arrogante Gaston. A Fera é um príncipe que sofre de um feitiço que o deixa com feições monstruosas, que só será quebrado se conseguir encontrar o amor verdadeiro. O resto é história...

Comentário: Não é a toa que esse filme recebeu inúmeros prêmios. O filme como um todo é magnifico e Bela está entre as personagens mais adoráveis da história da Disney.

Hiroshima, meu amor (1959)



Sinopse: Durante sua participação num filme sobre a paz, rodado em Hiroshima, uma atriz francesa tem uma aventura amorosa com um japonês, o que reaviva nela lembranças de uma trágica paixão durante a Ocupação. Entre o passado de guerra e o presente de incertezas, ele e ela tentam tornar imortal este encontro fortuito, através da mistura de tempos, recordações e corpos.

Comentário: Só mesmo o cinema pra transformar um lugar atingido por uma das maiores calamidades do século XX em um lugar em que dois amantes sempre poderão se lembrar de seu amor. Filme fundamental do cinema francês e mundial

Carta de uma desconhecida (1948)


Sinopse: Viena, início do século XX. O famoso pianista Stephan Brand se hospeda num hotel, onde recebe uma carta de uma mulher desconhecida. Ao lê-la, relembra de Lisa, uma mulher com quem viveu uma linda e tumultuada história de amor.

Comentário: Só digo uma coisa: está entre os filmes favoritos de Martin Scorsese


Aurora (1927)


Sinopse: Seduzido por uma moça da cidade, um fazendeiro tenta afogar sua mulher, mas desiste no último momento. Esta foge para a cidade, mas ele a segue para provar o seu amor.

Comentários: Alguns aspectos do roteiro podem parecer antiquados para os tempos modernos mas o filme resistiu muito bem a passagem do tempo e continua encantador. Gosta de filme mudo? Assista. Não gosta de filme mudo? Assista.


Despedida em Las Vegas (1995)


Sinopse: Ben Sanderson (Nicolas Cage) é um alcoólatra que acaba de ser demitido da produção de um filme. Deprimido, Ben dirige até Los Angeles decidido a beber até morrer. Lá ele conhece uma prostituta ao qual se apaixona (Elisabeth Shue), desenvolvendo uma relação de respeito em relação a vida que levam: ele bebendo cada dia mais e ela se prostituindo.


Comentário: Um alcoólatra incurável e uma prostituta solitária se apaixonam. Nas mãos de pessoas menos competentes Despedida em Las Vegas seria apenas mais um filme que mostra a realidade ''nua e crua'' mas Mike Figgis percebeu a poesia e sublimidade dessa história trágica e evitou julgar a conduta dos protagonistas - apesar de mostrar as consequências delas - e fez de Despedida em Las Vegas um filme ao mesmo tempo doloroso e bonito de se ver.

Harry e Sally (1989)


Sinopse:Harry Burns (Billy Crystal) e Sally Albright (Meg Ryan) decidem iniciar suas carreiras profissionais indo juntos de carro para Nova York. Encontrando-se esporadicamente, descobrirão de forma repentina que estão se apaixonando.

Comentário: A premissa de original não tem nada o que vale mesmo aqui é o roteiro, que toca na ferida nos estereótipos dos filmes românticos de Hollywood, os diálogos pra lá de sarcásticos e é claro a famosa cena de Sally gemendo no restaurante mostrando para o atônito Harry como é fácil pra uma mulher fingir um orgasmo, um verdadeiro tapa na cara dos homens.



sábado, 30 de maio de 2015

A hora de voltar filme completo dublado


 Sinopse: Andrew Largeman (Zach Braff) conseguiu adiar por muito tempo uma visita a sua cidade natal, em Nova Jersey, e o inevitável confronto com seu pai (Ian Holm). Ao retornar ao lugar, entretanto, o destino lhe apresenta Sam (Natalie Portman), uma garota peculiar que consegue abrir seu coração para a vida e para a verdadeira cura interior.



domingo, 22 de dezembro de 2013

Os Miseráveis (1998): a transmutação do fantástico para o realistico


A adaptação de Billie August para a obra de Victor Hugo, em termos de conceito, difere bastante do filme estrelado por Hugh Jackman, o filme de 1998 é mais realista e pé no chão e se concentra no aspecto mais cinematográfico do livro: o jogo de gato e rato entre Jean Valjean e Javert.

A adaptação de 98 se despe dos elementos fantástico da obra de Victor Hugo, por exemplo a força sobre-humana de Jean Valjean é visto como algo natural devido ao seu longo período nas galés. A insurreição de 1832 e os aspectos sociais da trama são bastante suprimidos mas o essencial, o elemento humano, permanece intacto.

Fora isso o roteiro tem umas sacadas bem interessantes por exemplo a afeição e o apego que Jean Valjean nutre por Cosette quando ela já é uma jovem poderia ser confundido com desejo ou paixão mas o roteiro inteligentemente mostra um Jean Valjean apaixonado por Fantine tornando mais convincente os sentimentos paternos que Jean tem por Cosette. Outro ponto a se destacar é a postura de Cosette (interpretada por Claire Danes, ótima) bem mais ativa do que na obra de Victor Hugo.

Se você assistiu ao filme com Hugh Jackman e o achou interessante mas um tanto longo demais dê uma chance a esse filme aqui. O filme de 98 não tenta ser fiel a todos os acontecimentos do livro mas é fiel ao espírito da obra original. Uma grande adaptação.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um Estranho no Ninho - A Insanidade das pessoas normais


Um Estranho no Ninho pode ser considerado uma verdadeira aula de como fazer um bom filme, as regras de ouro estão lá: personagens marcantes, roteiro bem desenvolvido e direção segura.

O roteirista Syd Field disse que um bom filme precisa mostra a personalidade de seus personagens em poucas imagens. Um Estranho no Ninho segue a risca essa cartilha; logo nas primeiras cenas do filme somos apresentados a atividade rotineira da enfermeira Ratched e em seguida acompanhamos a chegada de Randle ao hospício e o seu riso debochado logo que as algemas são retiradas, na frente dos policiais.

Enxergamos o filme pelo ponto de vista de Randle e nos sentimos oprimidos pela manutenção rígida das regras impostas pelo hospital e que tem na enfermeira Ratched a porta-voz para as ideias enraizadas naquele local. Randle com seu jeito anárquico surge como o elemento de caos no ambiente controlado em que é posto. Com essa premissa Um Estranho no Ninho poderia se tornar um filme maniqueísta e melodramático se fosse escrito por mãos menos talentosas mas não é o que acontece: o roteiro se furta a tratar qualquer um dos personagens como vilão da história, isso fica evidente na cena em que Ratched demonstra sua vontade em ''ajudar'' Randle mesmo sabendo que sua influência nos demais pacientes pode ser prejudicial. Sendo assim não adianta procurar culpados pela tragédia que ocorre no final do filme.

Mais de 30 anos após sua produção o filme perdeu alguns pontos no quesito ousadia e originalidade que devem ter sido uma das suas características mais marcantes na época de sua estreia. Original ou não Um Estranho no Ninho é inegavelmente uma obra atemporal, todas as pessoas em qualquer época gostaria de ser amados como Randle e respeitados como Ratched e isso faz com que Um Estranho no Ninho seja sempre uma experiência impactante e poderosa.


Cabo do medo - A moral no banco dos réus






O Circulo do Medo de 1960 é um dos filmes símbolos da moral da década de 60, na trama um advogado (interpretado por Gregory Peck ) é um homem honrado determinado a proteger sua família da vingança do maniaco Max Cady, devido ao fato do advogado ter sido a testemunha-chave para a condenação de Max.

A refilmagem de Martin Scorsese segue um caminho completamente diferente. Na trama de Scorsese Max Cady (agora interpretado por Robert de Niro) tem motivos mais palpáveis para se vingar do seu advogado (Nick Nolte): ele era o seu defensor na acusação de ter violentado uma mulher mas omitiu o fato da mulher ser promíscua o que poderia ter reduzido sua pena pela metade, na época Max Cady era analfabeto mas na prisão ele não só aprendeu a ler como estudou a fundo as leis, percebendo assim o erro de conduta do seu advogado, por isso após Max Cady sair da prisão o advogado sabe que sua família está em perigo e procura dete-lô de várias maneiras mas Max Cady parece estar sempre um passo a frente do seu ex-advogado. A esposa do advogado (Jessica Lange) está determinada a proteger sua família mas as ações de Max a levam a se confrontar com o seu marido, relembrando erros que este cometeu no passado.

Juliette Lewis interpreta a filha do casal, uma tipica jovem problemática, insegura sexualmente e que diante das brigas dos pais refugia-se em seu quarto cercado de pôsteres de James Dean e The Cure, ao conhecer Max Cady ela se sente ao mesmo tempo amedrontada e fascinada por um homem que representa um ameaça a sua família mas que parece entender seus sentimentos melhor do que seus pais.
O filme expõe as virtudes e os desvios de caráter dos personagens de maneira convincente. A única crítica que faço ao filme é a de que Max Cady parece ter um dom quase sobrenatural de prever as atitudes e os pensamento de todos os outros personagem mas em seu longo período na prisão ele deve ter lido o mais famoso livro de estratégia da história: A Arte da ;Guerra, cujo passagem mais conhecida é a seguinte: ''Conhece-te a ti e aos teus inimigos e, em cem batalhas que sejam, nunca correrás perigo'' Os estudiosos e cientistas sempre afirmaram que conhecimento é poder mas o que acontece quando tal poder é adquirido por uma pessoa violenta e vingativa? Cabo do Medo nos dá a resposta.


domingo, 22 de setembro de 2013

Filmes que você precisa ver

Looper - Assassinos do futuro.


Sinopse:

Kansas City, 2044. Viagens no tempo são uma realidade, mas estão apenas disponíveis no mercado negro. Seu principal cliente é a máfia, que costuma enviar ao passado pessoas que deseja que sejam eliminadas, já que é bastante complicado se livrar dos corpos no futuro. Os responsáveis por estes assassinatos são os loopers, organização a qual Joe (Joseph Gordon-Levitt) faz parte. Um dia, ao realizar mais um serviço corriqueiro, ele descobre que seu alvo é a versão mais velha de si mesmo (Bruce Willis), trazida em viagem no tempo por ter se tornado uma séria ameaça à máfia no futuro.

Por quê vê?

Pega um tema batido (viagem no tempo) e dela consegue extrair algo de novo, a trama é bastante instigante,  e recheada de suspense e prende a atenção do inicio ao fim. No final nos faz pensar: o livre-arbítrio existe?

O Gabinete do Dr Caligari


Sinopse:

Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari.

Por que vê?.

È um dos filmes mais influentes da história do cinema, magnifico do inicio ao fim e o final continua impactante.

Quero ser John Malkovich


Sinopse:

Um homem (John Cusack) consegue um novo emprego no 7º e meio andar de um edifício comercial, onde todos os funcionários devem andar curvados. Lá encontra uma porta, escondida, que leva quem ultrapassá-la até a mente do ator John Malkovich, onde pode permanecer durante 15 minutos, até ser cuspido numa estrada na saída de Nova Jersey. Impressionado com a descoberta, resolve alugar a passagem para outras pessoas, dentre elas o próprio John Malkovich.

Por que vê?

A trama é completamente absurda mas enquanto você assiste ao filme nem sequer repara nisso tamanha é a qualidade do roteiro e dos diálogos.

Pacto de Sangue


Sinopse:

Walter Neff (Fred MacMurray), um vendedor de seguros, é seduzido e induzido por Phyllis Dietrickson (Barbara Stanwyck), uma sedutora e manipuladora mulher, a matar seu marido, mas de uma forma que pareça acidente para a polícia e também em condições específicas, que façam o seguro ser pago em dobro (no caso, 100 mil dólares).

Por que vê?

È um dos melhores e mais copiados filmes noir que Hollywood já realizou. Atuação e diálogos impecáveis.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Persona - O som do silêncio


Em 1966, quando Persona foi lançado Bergman já era um diretor consagrado mundialmente, famoso por levar ao cinema questões existencialistas e psicológicas de maneira sensível e marcante mas mesmo os fãs mais ardorosos do cineasta se surpreenderam com sua nova obra, na superfície Persona trata das mesmas questões de seus outros filmes mas logo se percebe na cena de abertura que se trata de algo diferente, experimental, transcendente. Na parte técnica Persona se assemelha a 2001 assim como o filme de Kubrick as imagens mostradas em Persona são tão (ou mais importante) que os diálogos.

Se as imagens de Persona são inesquecíveis o roteiro é igualmente marcante: Elisabeth Vogler, uma atriz de teatro sofre uma crise emocional durante a encenação de uma peça, simplesmente emudece sem que ninguém saiba a real causa disso. Ao ser levada ao hospital uma enfermeira-chefe compreende seus sentimentos e a alerta para os perigos da sua postura ''você pode se isolar do mundo mas seu esconderijo não é a prova d'água a vida engana em todos os aspectos''. Em seguida é aconselhada a passar um período no campo ao lado de uma enfermeira gentil e compreensiva. A relação de convivência entre as duas em um ambiente que parece ser ao mesmo tempo livre de todas as obrigações do mundo exterior e abrigar todas as dúvidas e angústias existentes em seu corações é o grande trunfo do filme. A relação entre elas vai da cumplicidade ao ódio sem que jamais saibamos o que se passa na mente de Elisabeth Vogler, ela é a pura personificação do medo, da indiferença e da solidão.

Em Persona Bergman procura a resposta para um dos mais mistérios da humanidade: por que os seres humanos não conseguem compreender uns aos outros apesar de teoricamente sermos todos iguais? Como todos os gênios que vieram antes e depois dele Bergman não dá a resposta para essas questões ao invés disso cria mais perguntas.

Crepúsculo dos Deuses - Uma das maiores críticas feitas a Hollywood


O maior elogio que pode ser feito a Billy Wilder em Crepúsculo dos Deuses é que depois de ter exposto Norma Desmond a inúmeras desilusões ele se apiedou de sua protagonista e conferiu a ela o ''retorno'' com a qual ela tanto sonhara.

Um dos aspectos principais da história é a de que as promessas de Hollywood, de transformar atores, diretores e roteiristas em celebridade é capaz de, a longo prazo corromper inteiramente a alma dessas pessoas. A figura de Norma Desmond é onipresente na indústria do entretenimento  sempre que pensamos em astros e estrelas decadentes, seja na música, no cinema e na TV a sua imagem logo nos vêem a mente. E assim continuará sendo, enquanto houver promessas de transformar pessoas normais em Deuses Norma Desmond surgirá como uma sombra inconveniente, uma lembrança perpétua dos efeitos danosos que esse tipo de procedimento pode causar no coração das pessoas.

Para compreendermos os tempos de glória de Norma Desmond não é necessário muita imaginação ou pesquisa; Hollywood era o paraíso na década de 20 e continua a se-lo nos dias de hoje. E em meio a vários astros e estrelas que mantém sua popularidade ao longo do tempo há aqueles que se destacam em um ou dois filmes e em seguida caem no esquecimento. Desse ponto de vista ela não passa de um efeito colateral inerente ao sistema ou seja em Crepúsculo dos Deuses temos uma belo exemplar da Seleção Natural aplicada aos seres humanos: Norma Desmond não foi capaz de se adaptar as mudanças do ambiente em que vivia por isso caiu no esquecimento agora é muito mais fácil culpar o sistema, o gosto do público ou qualquer outro fator externo do que tomar consciência das próprias limitações Mantem-se em sua torre de marfim onde pode continuar acreditando que é uma estrela, tem seu macaco de estimação, jogar cartas com seus velhos colegas (igualmente esquecidos), assiste a um filme em que contracenou uma vez por semana, tem um mordomo que satisfaz todas as suas vontades e acredita receber cartas de fãs ansiosos por seu retorno as telas. È uma grande injustiça da parte de Joe Gillis dizer que sua vida é vazia.

A situação de Norma Desmond parece ser uma exceção mas não será ela a regra? Será que não existem atualmente astros que vivem em torres de marfim e que, com a colaboração de agentes bajuladores, julgam ser mais do que são na realidade? Assim sendo Crepúsculo dos Deuses também apresenta contornos religiosos e morais pois mostram como a vaidade e a soberba, dois pecados capitais, podem contribuir para a ruína de um ser humano.

Joe Gillis, narrador do filme é outro exemplo tipico de um fracassado, mas pertence a uma outra casta: a dos pretensiosos, iludido pelas promessas de Hollywood abandona seu trabalho, seus amigos, sua vida normal apenas para, em um curto período de tempo na ''terra dos sonhos'', descobrir que não tem tanto talento quanto suponha ter. No encontro com Norma Desmond ele enxerga a oportunidade de entrar no jogo de Hollywood nem que seja pela porta dos fundos. Com o passar do tempo percebe que se tornou o pior tipo de aproveitador: aquele que mesmo envergonhado dos seus atos continua a pratica-los.

E como não nos enternecermos com a figura do descobridor de Norma, seu ex-marido e mordomo Max Von Mayerling? ;Que adora tanto sua senhora que não permite que ela enxergue a realidade. Como criticar severamente alguém que, para garantir a paz da pessoa que mais ama, omite dela certas verdades? Os resultados de sua atitude mostram-se desastrosos mas o que faríamos em seu lugar? A mim me parece que tanto a revelação da verdade quando sua ocultação podem ter resultados terríveis, ele escolheu o que lhe pareceu menos cruel.

Betty Schaefer, interesse amoroso de Joe mostra-se a única personagem bem resolvida na trama e capaz de superar os próprios complexos. Alguns consideram essa personagem de pouca importância na história mas é através dela que Billy Wilder cria uma oposição clara a personalidade perturbada de Norma Desmond. Com a presença de Betty Billy Wilder mostra que seu filme não é uma mera crítica a indústria Hollywoodiana mas principalmente uma crítica as nossas tendências narcisistas  e escapistas que são a gênese dessa indústria.

Batman - O Cavleiro das Trevas - Uma analise sociológica e filosofíca da trama


Em Batman - O Cavaleiro das Trevas Christopher Nolan não fez apenas mais um filme de super-herói, mas um estudo sobre três tipos de heróis que aprendemos a admirar em nossa época.

Neste filme Batman mostra-se violento, confuso e contraditório. A semelhança com ''heróis'' comtemporâneos é mera coincidência? Sim e não. O personagem foi criado nos Estados Unidos na década de 30 época em que o país viveu a pior crise econômica e moral de sua história, empresários bem-sucedidos foram a falência a pressão de grupos religiosos e defesas da moral fez com que o governo criasse a Lei Seca, gerando lucros exorbitantes para a máfia, policiais e políticos corruptos.

No cinema, cria-se um novo tipo de gênero: o de gangster. Muitas desses filmes eram baseados em fatos que apareciam nos jornais da época. Por pressão de grupos conservadores que censuravam e fiscalizavam o conteúdo moral  dos filmes os gangsteres dessas história morriam ou se arrependiam. Foi nesse período que Batman apareceu pela primeira vez nas páginas dos quadrinhos, não tinha a menor pena dos bandidos que enfrentava, matava-os!

Na década de 60 os Estados Unidos enfrentaram guerras civis e externas que levaram a população a desconfiar da intenção dos seus próprios governantes e a questionar os valores morais que regiam a nação. No cinema vemos esse conflitos em filmes como Easy Rider e Mash (este de 1970) porém a televisão americana parecia alheia a tudo isso, preocupada apenas em entreter o telespectador com séries de tv  fantasiosas e/ou divertidas que o fizessem se esquecer dos problemas que atravessavam o país. Foi nesse período que o violento personagem criado por Bob Kane foi levado as telas da televisão de maneira irreverente e divertida, para desgosto de seu criador e dos fãs de histórias em quadrinhos.

Na década de 80 as HQS de Frank Miller e Allan Moore levaram o personagem de volta as suas origens sombrias. O Batman de Tim Burton é tão peculiar quanto os outros personagens da cinematografia do diretor mal ele podendo se comparar com outros heróis de ação da época.

Porque tantas diferenças na caracterização de um mesmo personagem de uma época para a outra? Batman Begins de 2005 nos deu a resposta: Bruce Wayne é um homem normal que teve que enfrentar seus medos para poder fazer o que julgava ser o certo. Ao contrário de Superman, que veio de outro planeta e simboliza o homem-ideal, Batman não possui um corpo indestrutível e nem está imune as contradições morais que qualquer pessoa pode ter.

Na década de 30 Batman era um justiceiro assassino, nos anos 60 divertido e ingênuo, nos anos 80 exagerado e sombrio ao mesmo tempo e o Batman de Nolan combate o crime muitas vezes agindo acima da lei que ele supostamente quer defender. Talvez a melhor definição do Batman seja dada por ele mesmo a certa altura do filme: ''Eu sou o que Gothan precisar que eu seja''.

Harvey Dent é o tipico herói norte-americano, diferente de Batman age de acordo com as leis, é firme em suas convicções e as vezes se mostra inseguro e romântico. Harvey Dent é o tipo de herói que Hollywood nos ensinou a amar.

O Coringa teoricamente é o vilão do filme mas poderia ser encarado como herói em outra época da história. Nos séculos 19 e 20 alguns revolucionários socialistas, anarquistas e de grupos de esquerda em geral não hesitavam em usar táticas pouco ortodoxas como a explosão de bombas, roubo e o assassinato de políticos como meios de fazer valer suas idéias (alguns posteriores vieram a receber o prêmio Nobel da Paz).

Depois da queda da União Soviética o mundo ocidental dito civilizado pode desfrutar de uma país que há muito tempo não tinha. As revoluções e táticas de guerrilha pareciam coisas do passado ou relegado a países miseráveis que eram teoricamente incapazes de incomodar as grandes potências ocidentais. Até quem em 2001 o maior país do mundo sofreu o mais trágico ataque terrorista da história. Uma nova onda de paranóia foi iniciado no mundo e o presidente dos Estados Unidos, George W.Bush se apresentou como o herói que eliminaria a ''ameaça terrorista'' para isso violou direitos civis enviando prisioneiros de guerra a Guantánamo onde supostos terroristas eram torturados sem terem direito a qualquer defesa.

O Coringa é o vilão dos nossos tempos pois usa o medo e táticas terrorista para atingir seus objetivos mas ao mesmo tempo nos identificamos com sua descrença e deboche em relação aos governos e a sociedade.
No século 19 o filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu: ''Quase tudo que chamamos de 'cultura superior' se baseia na espiritualização e no aprofundamento da crueldade. Aquele 'animal selvagem' nem chegou a ser morto, vive, floresce, apenas foi divinizado.'' È nisto que o Coringa acredita e em nenhum momento se desvia do seu ideal. Não é assim que agem os heróis?