segunda-feira, 15 de julho de 2013

Persona - O som do silêncio


Em 1966, quando Persona foi lançado Bergman já era um diretor consagrado mundialmente, famoso por levar ao cinema questões existencialistas e psicológicas de maneira sensível e marcante mas mesmo os fãs mais ardorosos do cineasta se surpreenderam com sua nova obra, na superfície Persona trata das mesmas questões de seus outros filmes mas logo se percebe na cena de abertura que se trata de algo diferente, experimental, transcendente. Na parte técnica Persona se assemelha a 2001 assim como o filme de Kubrick as imagens mostradas em Persona são tão (ou mais importante) que os diálogos.

Se as imagens de Persona são inesquecíveis o roteiro é igualmente marcante: Elisabeth Vogler, uma atriz de teatro sofre uma crise emocional durante a encenação de uma peça, simplesmente emudece sem que ninguém saiba a real causa disso. Ao ser levada ao hospital uma enfermeira-chefe compreende seus sentimentos e a alerta para os perigos da sua postura ''você pode se isolar do mundo mas seu esconderijo não é a prova d'água a vida engana em todos os aspectos''. Em seguida é aconselhada a passar um período no campo ao lado de uma enfermeira gentil e compreensiva. A relação de convivência entre as duas em um ambiente que parece ser ao mesmo tempo livre de todas as obrigações do mundo exterior e abrigar todas as dúvidas e angústias existentes em seu corações é o grande trunfo do filme. A relação entre elas vai da cumplicidade ao ódio sem que jamais saibamos o que se passa na mente de Elisabeth Vogler, ela é a pura personificação do medo, da indiferença e da solidão.

Em Persona Bergman procura a resposta para um dos mais mistérios da humanidade: por que os seres humanos não conseguem compreender uns aos outros apesar de teoricamente sermos todos iguais? Como todos os gênios que vieram antes e depois dele Bergman não dá a resposta para essas questões ao invés disso cria mais perguntas.

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